Voluntário PCD sensibiliza equipe do Grupo Hadassa por superação e amor ao próximo
A tragédia que assolou o Rio Grande do Sul trouxe muita dor, angústia e tristeza ao povo gaúcho. Por outro lado, também mostrou a solidariedade, persistência e amor ao próximo, de pessoas do próprio Estado e de todo o Brasil. E em meio a todo o drama vivido pela população riograndense, um personagem chamou a atenção de voluntários de Marília: Gilvânio da Silva, morador de Vila Palmeira, bairro de Novo Hamburgo.
Silva não era apenas mais um voluntário se dedicando ao próximo. Ele próprio abriu mão de suas necessidades, das suas perdas, para ajudar a resgatar pessoas, pets e dar assistência a quem estava precisando. O que diferencia ele das demais pessoas, é que ele não tem uma das pernas, mas escolheu focar no que tinha para ajudar e tem trabalhado incansavelmente para isso.
O empresário Jean Patrick Garcia Baleche, o Garcia da Hadassa, encontrou Gilvânio da Silva em uma das ações que promoveu no Estado Gaúcho. E o rapaz acabou se transformando em um dos elos do Grupo Hadassa, que está em campanha permanente para ajuda humanitária às famílias sulistas que vivem tantas perdas.
Deficiência x amor
A falta da perna direita, perdida num acidente de trânsito em 2011, poderia ter sido o argumento de Gilvânio da Silva para não ajudar. Mas muito antes das enchentes, sua escolha já tinha sido a de contribuir com a comunidade onde vive e, para ele, continuar seu trabalho voluntário diante da tragédia climática foi uma decisão natural. A Vila Palmeira ficou com inúmeras casas submersas por até 32 dias. Dias esses contados, um a um, pelo voluntário Gilvanio, que mesmo com o próprio lar sob a água, se voltou ao próximo.
Tão natural quanto a de trabalhar das 7h da manhã até madrugada a dentro, aproveitando todo tempo possível para levar ajuda e fazer resgates, ainda que sua dificuldade de locomoção estivesse aumentada pela tragédia e pela falta do liner de proteção na perna, que reduz a fricção entre a pele e o encaixe da prótese. Um produto caro, mas essencial.
“Eu já tinha visto que Gilvanio, que conheci naqueles dias, não tinha uma das pernas e estava se locomovendo sem perna mecânica, o que aumentava minha admiração. Mas naquele momento, sentados num barco durante a missão voluntária, pude ver um grande ferimento na sua perna direita. Fiquei preocupado e perguntei o que havia acontecido”, relata Garcia da Hadassa. Foi quando o empreendedor soube que o ferimento sido causado pelas tentativas de utilizar a perna mecânica sem um liner adequado.
O preço desse material é de aproximadamente R$ 2 mil e há meses Gilvanio não via condições de assumir esse custo. Seu liner estava velho e a alternativa era o ferimento ou, nos momentos possíveis, dispensar a perna mecânica para aliviar a ferida e a dor. “O foco da missão era ajudar a socorrer pessoas e pets, levar alimento, água e todos os itens de primeira necessidade. Mas aquele voluntário também precisava de ajuda”, contou Garcia. Diante da situação, ele acionou uma empresa do segmento em Porto Alegre e encomendou o liner para Gilvanio.
Representante Hadassa
Aquele líder comunitário da Vila Palmeira há quase uma década, que se tornou um dos voluntários mais atuantes durante a tragédia que assolou o Rio Grande do Sul, ganhou a admiração e a confiança do Grupo Hadassa para contribuir com a destinação das doações feitas ou angariadas pela empresa em prol do Estado. Dois dias depois, Garcia da Hadassa enviou um barco e dois caiaques a Vila Palmeira e mantém sua campanha social pelo RS durante todo inverno, revertendo parte do seu lucro para compra e repasse de cobertores. “As águas baixaram, mas as necessidades da população atingida pelas enchentes não diminuíram. Devemos manter o sentimento de compaixão e continuar sendo proativos. Nossos irmãos do RS ainda têm um longo caminho pela frente”, frisou Garcia.
Associação de bairro
Nos últimos dias o voluntário trocou a rotina nos barcos pelo retorno à associação de bairro, onde atua no recebimento, organização e destinação de todo tipo de doações. A maioria das famílias ainda não voltou para casa ou voltou, mas improvisa a vida em construções danificadas e vazias, porque tudo o que tinham foi destruído ou levado pelas águas. “Deus colocou o Garcia na minha vida em meio a um dilúvio, me dando a oportunidade de caminhar bem novamente e continuar ajudando minha comunidade, onde me criei e onde venci uma depressão profunda após o acidente em que perdi a perna”, disse Gilvanio.
O Grupo Hadassa é um ponto de coleta das doações para RS, estando localizada na rua 24 de Dezembro, n. 687. Ou pelo whatsapp (11) 99736-7762 (Fabiano). Já o contato de Gilvanio diretamente em Novo Hamburgo-RS é (51) 8026-2785.
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