Nova rodoviária de Rancharia está escondida e pode ter gerado prejuízo de R$ 2 mi

A Prefeitura de Rancharia inaugurou, no último dia 5 de julho, uma nova rodoviária, localizada na rua Floriano Peixoto, 830, no bairro Vila Cantizani. A obra poderia ser motivo de alegria para os moradores, se não fosse marcada pela suspeita de que o município sofreu um grave prejuízo, que pode passar de R$ 2 milhões.

Segundo o Agora Interior apurou, a nova rodoviária foi construída por meio de uma permuta de terrenos com um laticínio. O prefeito Marcos Slobodticov (União Brasil) fez uma “troca de escritura” com a empresa, cedendo uma área na avenida Júlio Lucant, que está em uma localização privilegiada e estratégica, em troca de um terreno na Vila Cantizani. O problema é que a região onde foi construído o terminal não tem infraestrutura para receber esse tipo de imóvel.

As ruas de acesso não têm asfalto, a rede pluvial (das águas de chuva) é limitada, sendo que inclusive houve alagamento há cerca de 20 dias, quando houve um temporal na cidade. A nova rodoviária também está distante das principais vias de acesso do município, obrigando os motoristas dos ônibus a trafegar pelo Centro da cidade, gerando transtornos ao comércio e aos moradores.

“Em qualquer cidade, a rodoviária é um cartão postal. Você vai em Marília, Presidente Prudente, Quatá ou João Ramalho. Não importa o tamanho da cidade, a rodoviária está bem localizada, oferece conforto aos viajantes e visitantes da cidade. Aqui em Rancharia a estrutura é medíocre, com banheiros precários e sem estrutura”, afirmou.

Prejuízo financeiro

Segundo o ex-prefeito e empresário do ramo imobiliário Alberto Araújo, houve um erro grosseiro na negociação. “Basta você fazer uma avaliação do metro quadrado das duas áreas. Enquanto a área no Centro, na avenida Júlio Lucant, tem o metro quadrado em torno de R$ 1 mil, a área onde foi construída a nova rodoviária tem valor de R$ 300. Só aí, o prejuízo chega perto dos R$ 2 milhões”, afirmou em entrevista ao Podcast Política com Responsa.

Araújo destacou, durante a entrevista, que a “troca de escrituras” é outra questão irregular. Ele explicou que, quando foi prefeito, fez várias parcerias com latícinios, frigoríficos e outras empresas. “Eu falava com as empresas, cedia as áreas por até 100 anos e eles assumiam o compromisso de fazer as obras que precisávamos. Um exemplo disso é o Supermercado Avenida, que está em uma área pública, mas está gerando 150 empregos, dividendos para a cidade”, destacou.

Câmara conivente

Alberto Araújo também criticou a postura da atual composição da Câmara Municipal de Rancharia, que só diz “amém” ao prefeito. “O projeto de permuta das áreas passou pelo Legislativo, mas os edis, que votam tudo que o prefeito manda, aprovaram o projeto. Tem uma meia dúzia ali que se o prefeito entrar em um rio, morre tudo afogado”, desabafou.

Segundo o empresário, a solução seria ingressar com uma ação na Justiça para tentar reverter o processo de permuta “escritura por escritura”, em razão do flagrante prejuízo ao erário público. “Ainda dá tempo de reverter, mas é preciso recorrer ao Judiciário e apontar o dano ao patrimônio público. Eu tenho esperança de que isso possa ser revertido, para que nossa população não seja, mais uma vez, prejudicada com os desmandos dessa administração”, sentenciou.

A reportagem do Agora Interior enviou demanda ao prefeito Marcos Slobodticov, através da assessoria de imprensa, mas até o fechamento dessa matéria ele não havia respondido aos questionamentos. O espaço segue à disposição.

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